quarta-feira, 8 de abril de 2020

Sobre a necessidade de, por vezes, estar triste

Tenho trabalho a fazer, tenho coisas importantes a estudar, mas perante três semanas de uma séria pandemia de covid-19, forço-me a parar cinco minutos que facilmente se transformaram em várias horas.

Em jeito de tortura, fecho-me em cenários tão parecidos aos sonhos - irreais, sem fundamento, mas que buscam uma felicidade inalcançável, de qualquer tipo que ela seja: profissional ou pessoal. Aguçam-me a necessidade pelo conforto, pelo calor, pela música que me acalma e torce um pouco a garganta. Fazem com que me sinta mais perto do eu mais genuíno e menos moldado daquilo que tive que aprender a ser nos últimos anos. A tristeza, ainda que induzida, acalma-me e, indiretamente, permite-me produzir. Permite-me trabalhar, permite-me ter maior espaço para me focar.

Existem coisas estúpidas que acabam por resultar, e é por isso que acabo por gostar, de uma forma muito ligeira, do comportamento humano - não sei se o meu é o melhor exemplo para começar porque, apesar de me assemelhar a uma pessoa com neurónios, creio que atrás da cortina está a coisa mais desorganizada que já alguma vez conheci. Mentira, há bem piores.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Sobre a pausa

Já escrevi muito em blogs que fui tendo, mas essa pequena ocupação, grande parte fruto de distorções da consciência que ia tendo até então, foi-se dissipando ao longo do tempo. 
Em verdade creio que me fui ocupando com outras prioridades da vida, e acabei por esquecer as vantagens que um pequeno espaço virtual, ainda que não visitado nem com a verdadeira intenção de ser um "blog" cheio de fotografias idiotas com a perna esquerda atrás da direita, com um padrão às riscas, uns óculos de sol redondos a olhar para o céu com uma legenda do tipo "M O R N I N G S" ou "M O N D A Y" podia trazer. Este, além de poder servir de uma eventual recordação para a posteridade, pode servir de exercício de reflexão pessoal para conseguir acordar mais bem disposto no dia seguinte. 
Não quero ter um discurso fatalista nem "de velho", mas o quotidiano a que a vida nos habitua nem sempre traz rosas e alegrias. Muitos dissabores surgem e é difícil, grande parte das vezes, saber digeri-los, ou pelo menos da forma que convém. 

Têm acontecido algumas coisas relativamente importantes na minha vida, ultimamente. Posso, ou não, falar delas aqui, tenham elas a importância que tiverem. Queria apenar deixar escrito, sem qualquer tipo de ressentimento, que ontem constatei que efetivamente as pessoas (no geral) se encostaram completamente às redes sociais e à comodidade impessoal que isso, por vezes, poderá trazer - e contra mim falo, atenção. Não ligo ao dia em si, jamais ficaria chateado por alguém não falar comigo neste dia por esquecimento (tantas vezes já me aconteceu, sem ou com Facebook), mas mentiria se dissesse que não me senti, nem que fosse por 30 segundos, um pouco triste pelas  dezenas de pessoas que me são próximas que não me disseram nada (ou que conversaram apenas rotineiramente). A culpa não é delas, é do Facebook.

A experiência de não ter esta rede social já há várias semanas tem vindo a revelar-se bastante positiva, e ontem foi a prova que não podia estar mais certo. Com isto, pretendo voltar um pouco aos hábitos ainda mais antigos. Ver notícias, ver reportagens, ver blogs (úteis) e ter uma vida um pouco mais decente no sentido de aproveitar o tempo, e preferencialmente da melhor forma.   

Disclaimer: Tive um dia horrível que não consegui fazer nada, quando planeava estudar horas a fio. Normalmente o mais produtivo que sai nestas pequenas crises existenciais é, depois da limpeza da casa, projetos organizativos sobre o futuro a curto e médio prazo. Listas, calendários, organizações, e por aí. Quem nunca?

Sobre a necessidade de, por vezes, estar triste

Tenho trabalho a fazer, tenho coisas importantes a estudar, mas perante três semanas de uma séria pandemia de covid-19, forço-me a parar ci...